quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Entraves ao Investimento


Falta de vôos internos, elevada carga fiscal e burocracia nos licenciamentos são os principais obstáculos ao desenvolvimento do turismo no Brasil, afirmam investidores portugueses do sector.
O representante do grupo Vila Galé, Jorge Rebelo de Almeida, disse que o "turismo tem tudo para dar certo no Brasil", principalmente pela qualidade dos destinos e da mão-de-obra, mas os investidores sofrem com algum excesso de zelo das autoridades nos processos de licenciamento ambiental, que causa atrasos e custos a mais nos projectos.
"Os primeiros hotéis que fizemos no Brasil correram muito bem, mas as dificuldades têm vindo a agravar-se", disse Almeida, criticando a intervenção das autoridades federais em projetos aprovados e em construção.
"Depois de o investidor andar dois ou três anos de volta de um projecto, depois de o Brasil ter feito um grande esforço para captar investimentos, de repente os projetos ficam parados, volta tudo à estaca zero", afirmou.
Rebelo de Almeida chamou ainda atenção para a necessidade de aumento da oferta de transporte aéreo e de simplificação e diminuição da carga fiscal.

O presidente da Espírito Santo Turismo, Miguel Rugeroni, afirmou que o governo brasileiro "deve estar atento" à questão das ligações aéreas e dos licenciamentos.
Segundo Rugeroni, para estar mais próximo da realidade local, o grupo turístico assinou uma parceria com a brasileira Investur, tendo em vista a identificação de oportunidades de investimento e o desenvolvimento de projetos conjuntos.
O representante do grupo Pestana, José Roquette, afirmou que existe uma falta de uniformidade de regras das exigências ambientais nos processos de licenciamento, e que "a carga fiscal é significativa e começa a pesar nas decisões de investimento".
Roquette citou ainda a imagem do país no exterior, prejudicada pelos episódios de violência frequentemente registados no Rio de Janeiro, "porta de entrada" do país.
Presente no Brasil há mais de uma década, o grupo Pestana tem dez hotéis no Brasil e cerca de 20% das suas receitas no país.

Segundo dados divulgados pelo vice-ministro português do Turismo, Bernardo Trindade, o investimento português no setor turístico brasileiro deve chegar a 500 milhões de euros (R$ 1,2 bilhão) nos próximos dois ou três anos, maioritariamente em unidades de luxo.
Trindade afirmou que o fluxo de investimentos é resultado da "confiança na estabilidade política" do Brasil por parte dos empresários portugueses, que "contam com a solidariedade" do governo português.
O secretário de Estado do Turismo citou ainda "o notável trabalho que a TAP tem vindo a realizar", para fazer de Portugal "plataforma preferencial" de saída de turistas para o Brasil.
Ao lado do vice-presidente da TAP, o brasileiro Luiz Gama Mor, Trindade pediu que o fluxo Portugal-Brasil, com mais de 60 vôos semanais e perto de um milhão de passageiros em 2007, proporcione mais estadias em Portugal e a emissão de turistas brasileiros em sentido inverso.
Fonte:Agência Lusa do Brasil

2 comentários:

AnadoCastelo disse...

Eu acho que havia de haver mais cimeiras luso-brasileiras para tratar, não só do turismo, mas também sobre investimentos noutras áreas. Dou-te de exemplo: os filmes brasileiros não passam aqui. O único que me lembro de ver nos cinemas foi "A cidade de Deus". E como isto outras coisas.
Bjs

O Réprobo disse...

Um problema prático decorrente de uma das carências citadas é a confusão que se pode estabelecer ao ouvir um responsável dizer que o sector não tem asas para voar...
Abraço, Caro Capitão-Mor