sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Estrangeiros


Quem somos nós,
acordados,
embrulhados em perguntas
sobre o tempo,
o acontecer?
Quem somos nós,
tropeçados
em angústias
eternas
sobre a vida,
o recolher?
Pedaços de nada!
Abrimos as mãos vazias
da alvorada.
E, numa praça abandonada,
deambulamos,
sonâmbulos,
carregados...
Na bagagem que nos pesa
temos nada.
Quem somos nós
depois do passeio da ilusão
e do pó escovado das memórias?
E os sonhos que tangemos
o que são?
Quem somos nós,
que estamos sempre prontos a voltar
depois de ter vencido o despertar?
Pedaços de nada!
A estrada

9 comentários:

Evelyne Furtado. disse...

Somos poetas, cada um fazendo versos ao seu modo.
E eu nem sei o que dizer sobre esses que acabei de ler.Li com a respiração presa.
Perfeito!



p.s. não entendi um comentário seu sobre irmandade...

musqueteira disse...

viva capitão mor! parabéns pelo o "nosso" terreiro do paço ilustrados pelas suas palavras.
queria perguntar-lhe o seguinte: como se colocam os blogues numa lista/referência, no nosso próprio Blog? desculpe o apelo da ajuda. bom fim de semana.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

Um poema com garra.
.. Gostei desse questionar existencial.

Inquietante e surepreendeu-me pois estou habituada a lê-lo em prosa.

Klatuu o embuçado disse...

Somos viajantes... que não encontram o caminho para casa.

Abraço.

Teresa Durães disse...

não te conhecia esta faceta de poeta. gostei bastante

Teresa disse...

capitão,

fiquei surpresa...

bom fim-de-semana ;)

T disse...

Pela tua boa escrita, já se adivinhava essa sensibilidade. Gostei muito de te ler.

-JÚLIA MOURA LOPES- disse...

mais do que eu não :P

Zé Povinho disse...

Diz-se muitas vezes que em cada português há sempre um poeta em potencial, afinal parece que é verdade.
Hoje somos todos um pouco como que cidadãos deste mundo. Não se esquece a terra de onde saímos e onde nascemos, mas a vida conduz-nos muitas vezes a outros lugares. Com um pouco de paciência e com algum empenho, é possível colocar na mala cheia de nada, um pouco daquilo que aprendemos, daquilo que conhecemos, o bom e o mau, que com certeza nos vai enriquecer como humanos, para enfrentar-mos a vida daí em diante. Somos uma soma de vivências e de experiências, pelo que só somos estrangeiro enquanto não nos adaptamos, e isso acontece rapidamente. Nós é que passamos fugazmente por esta terra e por isso temos muita pressa.
Abraço do Zé