domingo, 17 de dezembro de 2006

Torna-se quase impossível falar do Nordeste brasileiro, sem fazer referência ao forró, o estilo musical mais popular nesta região. Este ritmo encontra-se presente um pouco por todo o lado: nas festas, nos carros que passam nas ruas, nas rádios locais, nas praias ou até mesmo na casa dos vizinhos. Nem mesmo o europeu mais empedernido consegue ficar indiferente ao alegre embalo destas músicas.
O nome forró deriva de forrobodó, "divertimento pagodeiro", segundo o folclorista Câmara Cascudo. Tanto o pagode (que hoje designa samba) como o forró são festas que foram transformadas em gêneros musicais. O forrobodó, "baile ordinário, sem etiqueta", também conhecido por arrasta-pé, bate-chinela ou fobó, sempre foi movido por vários tipos de música nordestina (baião, coco, rojão, quadrilha, xaxado, xote) e animado pela pé de bode, a popular sanfona de oito baixos. Uma versão fantasiosa chegou a atribuir a origem do forró à deturpação da pronúncia dos bailes for all (para todos), que no começo do século os engenheiros ingleses da estrada de ferro Great Western, que servia Pernambuco, Paraíba e Alagoas, promoviam para os operários nos fins de semana.
Com a imigração de grandes camadas da população nordestina para a região sudeste, inúmeras casas de forró foram abertas geralmente nas periferias antes de tornar-se modismo entre parte da juventude e estabelecer seus domínios nas regiões mais abastadas. No Rio, um dos mestres da matéria, o compositor maranhense João do Vale, pontificava no Forró forrado no bairro central do Catete, no final dos 70. No nordeste, as cidades de Caruaru (PE) e Campina Grande (PB) disputam hoje a cada festa junina o título de capitais do forró com festejos de longa duração capitalizados como eventos turísticos que arrebanham multidões de visitantes.
Actualmente, a essência do forró original, vai sendo adulterada pela introdução de elementos musicais vindos de outros géneros musicais. Os tradicionais quintetos acústicos vão sendo substituídos por bandas de grande dimensão que se regem pela lógica dos agrupamentos Pop-Rock, introduzindo uma forte componente electrónica nas músicas. A temática das canções oscila entre o romântico e o brejeiro, os concertos oferecem um forte aparato cénico e arrastam multidões em toda a região Norte-Nordeste.
Para além de um estilo musical, o forró também é uma dança tradicional extremamente sensual, mas de aprendizagem relativamente fácil. Escusado será dizer que, o Capitão-Mor de vez em quando não se furta de dançar com as belas nativas nas suas noites de folguedo. Como ilustração deste post, coloco um vídeo da banda Saia Rodada que é um bom exemplo da actual sonoridade do forró, com as suas letras de segundo sentido e das reduzidas indumentárias das suas vocalistas. Que fique bem claro que não faço referência a um estilo musical com grandes preocupações estéticas. Única e exclusivamente, puro divertimento!

7 comentários:

Maríita disse...

Tudo pela aculturação meu caro, aculturação e cooperação entre os povos.

Beijinhos

Anónimo disse...

em janeiro, começo as aulas de samba. aí é que eu vou ver que, pensava que sabia dançar, e não sei nada!
adoro música brasileira! é para dançar a noite inteira! (até rimou sem querer)
beijinhos.

Paulo Cunha Porto disse...

Beeem! Surgiu-me de repente uma vontade inesperada de estudar as manifestações musicais e de dança das nativas daí!
Não ewsquecer que, segundo Ramos Tinhorão, o fado nasceu de uns interlúdios de danças populares brasileiras.
E queria mandar uma boca à Bailadeira-Mor, mas Ela apareceu logo antes de mim!
Beijinhos e abraços, seus...
Dançarinos!

Cris_do_Brasil disse...

Talvez por eu ser do sul do Brasil, e lá termos enraizados um lado europeu muito forte (italianos, alemaes, poloneses, ucranianos) eu nao sou fa nadica do forró, pelo contrário.
Mas legal saber que vc, europeu, curte esse ritmo, e que tem que ser estiloso pra saber dancar viu :)

Claudinha ੴ disse...

Ei! Respondendo a sua pergunta, sim todos os textos são meus. Eu não publicaria palavras alheias sem dar-lhes crédito. Repare que, raramente quando isto acontece, eu deixo o texto em fonte ou cor diferente e com o nome do autor.
Quanto ao forró, eu adoro o ritmo, mas não sei dançar como os nordestinos. Adorei conhecer estas bandas, preciso pedir ao szafir para me levar de novo... Confesso que não resisto ao frevo...

marco disse...

os meus videos sao melhores desculpa lá!
eh eh!
nao consegues abrir os videos prk o governo portugues anda a sabotar os melhores blogues!
deixo sempre link!

Sandra Neves disse...

Por acaso gosot do espirito da dança brasileira por isso mesmo, pelo divertimento subjacente... e com gosto todos podem dançar, sem grande pericias e técnicas!