sábado, 10 de março de 2007

Amor bandido

"Uma estudante universitária, jovem e bonita, foi presa anteontem pela Polícia Civil de Campinas (95 km de São Paulo) sob acusação de chefiar uma quadrilha que assaltava casas lotéricas e residências.
Ana Paula Jorge Souza, 21, cursa o quarto ano de direito e mora com os pais em um bairro nobre da cidade.
De cabelos loiros e lisos, ela é acusada de guiar o seu Astra 2.0 preto, câmbio automático, para levar e dar fuga para a quadrilha. Ana Paula ainda indicava quais os locais que seriam assaltados, de acordo com as investigações policiais.
Filha de um empresário do ramo de construção civil e de uma assistente social, ela aparece em imagens apreendidas pela polícia em seu apartamento segurando um revólver ao lado de outros três homens acusados de integrar o grupo. Ela namorava um deles, Raoni Renzo Miranda, 18, que continua foragido.
Segundo o delegado do 13º DP de Campinas, José Antonio Serrat de Campos, a estudante pode ter entrado na quadrilha por ter se apaixonado pelo namorado. "Ela disse em seu depoimento que se envolveu com o crime por causa do namoro. Confessou que estava arrependida e que pensou em deixar a quadrilha", disse o delegado.
O namoro entre os dois começou há cerca de seis meses. O namorado possui uma passagem pela polícia sob acusação de participar de um seqüestro-relâmpago. Os dois se conheceram em uma festa rave.
A estudante foi presa às 6h30 de anteontem, no apartamento dos pais. Além dela, a polícia prendeu em outra casa Orlando Ernesto Carpino, 25, acusado de integrar a quadrilha. A polícia procura outros dois acusados, incluindo o namorado da estudante.
A universitária foi indiciada sob a acusação de roubo qualificado, furto qualificado e formação de quadrilha. Está presa na Cadeia Feminina de Indaiatuba (102 km de SP). "Os pais dela disseram ter ficado surpresos com o fato", disse o delegado.

Reconhecida
De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha agia em bairros nobres de Campinas, mas pode ter praticado crimes em cidades da região. Uma mulher de Jaguariúna (134 km de SP), vítima de assalto, entrou em contato ontem com a polícia dizendo ter reconhecido a universitária por imagens.
Uma outra mulher, moradora do bairro Jardim Proença, em Campinas, também procurou ontem a polícia e disse ter reconhecido, nas imagens divulgadas, os quatro integrantes da quadrilha.
Dizendo-se vítima do grupo, a mulher relatou que a universitária aparentava chefiar os demais integrantes durante a ação. Ela disse ainda que um deles agia com violência.

Alto Padrão
Ela mora com os pais em um prédio de alto padrão -um apartamento por andar-, no bairro Cambuí, área nobre da cidade, onde reunia a quadrilha quando os pais viajavam.
As investigações foram iniciadas há dois meses. A polícia apreendeu, em quatro locais diferentes, jóias, relógios, celulares, TVs, DVDs e até um faqueiro italiano, além de cheques.
Em um computador apreendido, a polícia encontrou imagens do grupo usando drogas e exibindo armas e dinheiro. No material apreendido, um dos rapazes diz: "Filma. É dinheiro. Caiu aqui no chão. E tem mais na carteira".
Artigo de Maurício Simionato in Folha de S. Paulo (09/03/2007)

No Brasil, este fenómeno está-se a tornar recorrente. Filhos de classes previligiadas, com futuros promissores pela frente, aderem cada vez mais aos apelos do mundo da criminalidade. Uma crise de valores à vista ou a procura de um mundo de aventuras que não conseguem encontrar nas suas vidas confortáveis? Há quem diga que os verdadeiros aventureiros da modernidade já não são os piratas ou exploradores, mas sim todos aqueles que optam por viver no submundo. Será esta a explicação?

9 comentários:

Paulo disse...

Um "escarapão" é uma cobra de côr preto, pequena, que existe em Portugal.
No Verão, em plena provincia alentejana ainda se vêm muitas dessas cobras.
"Amor bandido" ou "amor cigano"...faz-me lembrar os tempos da minha infância...anos 90 do século passado...Rissssssssss
Abraço
Paulo

Portugal - Lisboa

Moinante disse...

O Paulo adiantou-se na explicação ... é tal e qual como ele diz , sem tirar nem pôr ...

Agora um à parte , esse Brasil não é que gostaria-mos que fosse .
Porra tanto crime ... Xissa que já é demais ... o pior é que Portugal parece querer copiar ...

Um grande abraço companheiro ...

Teresa Durães disse...

(desculpa não ter lido mas hoje foi mais um dia dificil)

os cães eram meus, sim. os três desapareceram numa segunda-feira de carnaval. Estavam no quintal de casa com os portões fechados. Tenho andado à procura deles desde então e em consequência sentido muito em baixo. Adoro os meus cães: todos abandonados e adoptados pela minha família. Só posso concluir que foram roubados. Mas não tenho a certeza. Podem ter posto uma bomba de carnaval no quintal e terem fugido.
Quem tem cães/gosta de cães sabe que é um desgosto. Acredito que outros não compreendam e não levo a mal.

Ando muito pouco social. Apenas faço apelos para tentar os recuperar.

Cada um tem a sua história e sempre pensei estar a dar-lhes uma vida melhor.

Aqui há lutas clandestinas de cães. Outros são usados para alimentar os leões de circo. Outros roubados para serem vendidos. E outros fogem e perdem-se. Não sei em qual categoria estão os meus.

Boa noite

Breaking disse...

Dá que pensar, não dá?
E agora como explicar o fenómeno da criminalidade? A explicação mais comum e "mais confortável" era a sua associação à pobreza, condições de vida, etc. etc. E Agora?
Crise de valores, acredito que o fundo seja este!

Bbel disse...

Problema de caráter, meu caro portuga!

Acredita que uma reforma na lei penal resolveria em parte esses desmandos?

Parece-me tudo tão permissível neste país. Sei não, sei não

Cheiros,

eudesaltosaltos disse...

Bem, cada um sabe de si... se preferem ir pelo caminho aparentemente mais facil...

Maríita disse...

Pessoalmente acho que o que acontece é que estas pessoas se relacionam com gente que não presta e não tem força de carácter suficiente para resistir aos apelos da adernalina e do dinheiro fácil. Por outro lado, não é muito claro que tipo de dragas é que este grupo consumia, mas ainda não vi drogas a preço de saldo e portanto, no flagelo que é a vida de drogado, o dinheiro é necessário mesmo muito dinheiro. A droga ataca indiferentemente ricos e pobres.

Anónimo disse...

O que mais me impressiona nessa história é o tratamento que os jornalistas estão dando ao caso. Se essa moça fosse negra e pobre não estariam falando em "amor bandido". Iam dizer "essa mulher é um mau caráter" e pronto. Não há nada de romântico no caso dessa criminosa, ela é apenas uma burguesa mau caráter. O que não deixa de ser uma redundância, não é mesmo?

Sandra Neves disse...

Pô-los a trabalhar efazer pela vida em vez de lhes dar tudo de bandeja talvez os tivesse ajudado... a ganhar carácter e personalidade, pelo menos!