quarta-feira, 21 de março de 2007

Férias em Natal - Episódio 3


Na chegada a Natal, o quinteto de amigos acomoda-se no apartamento que o Ferreira costumava alugar na cidade, durante as as suas visitas de negócios. Ficava situado no turístico bairro de Ponta Negra, possuía uma ampla vista de mar, constituíndo o refúgio ideal para o descanso após as noitadas que pretendiam fazer. Contudo, logo na primeira noite, o Fonseca estranhara o facto de um dos quartos se encontrar fechado à chave. Ele espreitara pela fechadura e conseguiu enxergar uma secretária com muita papelada desordenada, um laptop e alguns aparelhos, cuja finalidade ele desconhecia por completo. Ao interrogar o Ferreira sobre o assunto, o amigo tentara contornar a situação, dizendo momentos depois que era a sua sala de trabalho e que os aparelhos eram de natureza médica. Uma representação comercial que tinha iniciado recentemente. O Fonseca estranhou um pouco, mas o assunto acabou por morrer ali.

Os primeiros dias em Natal decorreram da forma esperada. Muita praia, sol, passeios de buggy, uma visita ao Forte dos Reis Magos, algumas fotografias para a posteridade e muita cerveja para a tenuar o forte calor. Alugaram um carro e o Ferreira fornecera-lhes as coordenadas de orientação, já que este não os podia acompanhar sempre durante os dois primeiros dias, devido a alguns compromissos profissionais. As noite eram sagradas. Saíam invariavelmente para jantar junto à praia e empaturravam-se de marisco, regado a litros de cerveja. Depois do jantar iam em busca de caça feminina pela animada vida nocturna local. Vivia-se a estação alta brasileira e a cidade estava cheia de forasteiros em busca de sol e diversão. No entanto as deambulações nocturnas do grupo mostravam-se infutíferas em termos prácticos. Como sempre, o Luís era o mais afoito com as gajas e o Ferreira também revelava grande à vontade. Afinal de contas, aquela fora o seu território durante uns anos.
De facto, as brasileiras eram bastante extrovertidas e comunicativas. Eles conheceram e falaram com imensas durante aquelas noites. Por vezes o diálogo não era muito fluente, ora porque elas não entendiam muito bem o sotaque lusitano, ora o grupinho ficava meio embasbacado com as roupas ousadas que elas vestiam e faltavam-lhes as palavras. No entanto, algo estava a falhar. Falavam muito, riam, brincavam e nada de facturar! Na madrugada de terça-feira tudo parecia correr de feição para o Reis que se tinha agarrado a uma matulona loira. Passado um bom bocado, surge junto dos amigos esbaforido e com um ar assustado. Era um travesti! Qualquer coisa tinha de mudar na estratégia deles para obterem a glória desejada.

Na quarta-feira, à hora de almoço, o Ferreira lembra-se do convite que a Cinha Jardim lhes fizera no avião para a inauguração do bar do seu namorado. Ligou-lhe de imediato, cumprimentaram-se efusivamente e combinaram encontrar-se à noite para a festa de abertura do AMO.TE NATAL. Os amigos escutavam a ligação atentamente e mal ele desligou bombardearam-no com perguntas.
- Atão pá? Como vai ser? Há festança logo à noite? - disparou rapidamente o Lemos.
- Como foi? A gaja cortou-se? - perguntou o Fonseca receoso.
- Qual quê! A Cinha faz questão da nossa presença no evento. Somos convidados VIP - afirmou o Ferreira eufórico.
- Bom...esta noite temos de facturar! Chega de conversa da treta. As gajas que se cuidem esta noite - diz Luís com um brilho nos olhos.
- Devem estar estar lá vários fotógrafos das revistas sociais! Vamos chegar em Portugal e vamos ver as nossas carinhas larocas fotografadas ao lado do jet-set. Já imaginaram a cena? - disse o Ferreira, dando mais uma vez largas à sua faceta de pseudo-tio.
- Bah!Dispenso essa porcaria. Se a minha mulher vê isso estou frito! Ela compra essas revistas todas - reclamou o Lemos.
- Que se lixe! Esta noite é nossa, meu amigo. Vão lá estar resmas de gajas boas e seremos os reis da festa - acrescentou o Ferreira delirante.

Natal, Quarta-Feira - 04 de Dezembro de 2008 - 23:58h
Estava uma noite perfeita. O grupo tinha deixado os calções, as t-shirts e os chinelos de parte e vestiram as melhores roupas que tinham trazido na bagagem. Estavam todos muito bem penteados e perfumados, apostando num visual propício ao ataque do mulherio. Apenas o Lemos destoava um pouco, já que apresentava um valente escaldão do sol. Estava tão vermelho que mais parecia uma lagosta cozida.
A fachada do novíssimo AMO.TE NATAL estava iluminada por fortes holofotes e os convidados iam desfilando na entrada. Mal entraram, o Ferreira ficou algo desapontado com a lista de convidados. Para além dos anfitriões da noite, Pedro Miguel Ramos e Cinha Jardim, apenas marcavam presença, Fátima Felgueiras que desta vez tinha-se refugiado em Natal para se esquivar novamente da justiça portuguesa, Eládio Clímaco, o ex-treinador Quinito, o falido Artur Albarran, o Cônsul local e Ricardo Pereira que estava mais uma vez no Brasil para gravar a telenovela Um Portuga em Apuros nos Trópicos.
Passada a decepção inicial, os cinco amigos entusiasmaram-se com as beldades locais convidadas para a festa e atiram-se às bebidas da casa. Noites de bar aberto não aconteciam todos os dias. Posaram para algumas fotografias da praxe para gáudio do Ferreira e circularam alegremente pelo espaço. Por volta das duas da manhã, quando estavam reunidos em círculo, de copo na mão e em alegre cavaqueira, o Luís dá com os olhos numa morena dislumbrante. Ela tinha uns belos cabelos, olhar expressivo e dançava com uma amiga no centro da pista. Momentos depois, ela apercebe-se do olhar ostensivo de Luís, encara-o e sorri. Luís já não conseguia ouvir as conversas dos amigos e fica hipnotizado por aquele sorriso enigmático. As suas mãos suavam um pouco, mas decide arriscar. Pisca-lhe o olho e faz-lhe um discreto gesto com a cabeça na direcção do balcão. Precisava de se libertar dos companheiros e falar a sós com aquela mulher que o deixara electrizado. Aproveitado a chegada da Cinha junto do grupo com a sua histeria habitual, esgueira-se sorrateiramente para junto do balcão. Ela ao aperceber-se deste movimento, segreda qualquer coisa no ouvido da amiga e avança para perto dele.
- Olá! Tudo bem? Eu sou o Luís.
- Oi! Meu nome é Patrícia. Você não daqui, pois não?
- Não. Sou português. Estou aqui de férias com uns amigos. Um deles até já morou aqui.
- Nossa! Que legal! Eu desconfiei que você não era daqui. Pelo sotaque e pelo jeito da sua roupa - diz ela sorridente.
- Hum...você é linda, sabia? - atacou ele.
- Obrigada. Você também é um gato! Notei que você estava-me paquerando...
- Não consigo resistir a uma mulher bonita!

O diálogo entre os dois manteve-se nesta toada durante mais ou menos uma hora. Luís ignorava os gracejos e gestos que os amigos lhe faziam de longe e continuava a falar junto do ouvido de Patrícia. Apenas estranhou o facto do Ferreira já não estar junto dos outros. Avistava-o num canto, aos segredinhos com o Cônsul. Deviam ser negócios, pensou Luís.
Um pouco mais tarde, a amiga de Patrícia chega junto dela e diz que quer ir para casa. Ele apercebe-se que nessa noite continuaria a zero, mas tivera o previlégio de conhecer uma rapariga linda e no fundo nunca gostara muito de mulheres fáceis.
- Luís, sinto muito, mas tenho que ir embora. Tô de carona com a minha amiga. Você entende...
- Sim, claro que entendo. Mas gostaria de te ver antes de domingo. Amanhã, vou com os meus amigos espreitar o Carnatal. Você vai?
- Não vou. Não sou muito chegada em micaretas. Mas vou dar meu número pra você. Me ligue na sexta-feira para combinar qualquer coisa, tá?
- Está combinado! - responde Luís prontamente.
Patrícia anota o seu número de telefone num guardanapo, coloca na mão dele e despede-se com um suave beijo nos seus lábios. Luís deixa-se ficar por alguns segundos, encostado ao balcão. Sentia-se meio zonzo mas não era da bebida. Aquela mulher mexera com o seu íntimo e isso fazia-o sentir-se confuso. Volta para junto do grupo que estava morto de curiosidade.
- Quem era aquela brasa? - interroga o Reis.
- Linda, não é? Chama-se Patrícia, tem 27 anos e trabalha como guia turística. Vou sair com ela na sexta-feira. - atira Luís cheio de orgulho.
- Ai, se eu telefono à tua mulher é que está tudo estragado! E pensava que só gostavas de ibéricas, meu caro amigo - diz Ferreira trocista.
- Que piada! Atreve-te! E tu, o que contas? Passaste quase uma hora a cochichar com o Cônsul. Alguma coisa de interesse?
- Nada, nada...ele não me via há imenso tempo e estávamos a pôr a conversa em dia. Apenas isso...
- Tens a certeza? - insiste Luís ao notar a insegurança da resposta.
- Porra, agora já não posso falar com outras pessoas? Olhem, já são quatro da manhã e isto está quase vazio. Que tal irmos embora? - era notória a irritação do Ferreira.
O grupo despede-se dos anfitriões da festa, saem para a rua e rumam ao apartamento, lamentando-se por mais uma noite sem marcar pontos junto da ala feminina. Tanto trabalho e discussões para se libertarem das mulheres e nada de engates. Apenas Luís permanecia em silêncio e não reclamava de nada. Ele conhecera a "sua" Patrícia e ainda sentia o cheiro do seu doce perfume...mal podia esperar por sexta-feira.

Episódio 4 - Ainda é preciso dizer!?

20 comentários:

Sandra Neves disse...

digno de um livro de facto... aguarda-se ansiosamente o próximo episódio!

Anónimo disse...

Que linda foto! Que privilégio vc teve em ir viver num lugar tao bonito, mesmo apesar de algumas desvantagens (que tem em toooodo lugar), pelo menos pode sentar na beira do mar e apreciar a vista e respirar a maresia... hummm

Eu sou do sul (Curitiba) e nunca fui aí pra cima, pq sempre era mais caro que vir para a Europa (eita desproporcao) he he he

Obrigado pelo elogio ao meu novo layout. Na verdade prefiro cores e mais cores, como o seu, aliás adoro verde, mas tô numa fase light, diria.

Beijinhu Capitao

Anónimo disse...

Nao acompanhei as primeiras partes dessa narrativa, mas deve ser interessante :=)

snowgaze disse...

Quando é que sai o próximo episódio? :)

Rubi disse...

Isto promete :), muito bem, cada vez mais interessante. Só um reparo, que bando de tristes foram convidados para a festa. Não havia nada melhor em Portugal ou a Cinha e o PMR perderam os contactos todos???lol...Tou curiosa para saber o que anda o Ferreira a aprontar, ainda vão todos presos...lol...

Tati disse...

esse Luís... não se preocupe, Ferreira, você não precisa se dar ao trabalho de ligar para a esposa dele......
pode deixar....
até sexta a versão carioca estará na jeca...
beijo

MariaTuché disse...

Bem isto este filme está cada vez mais interessante ahaha

Beijosssssssss

Melissa disse...

Tomara que algum dia na minha vida eu tenha a oportunidade de conhecer Natal.
Um beijo, Capitão.

Belzebu disse...

eheh!! Isto é digno de um filme! Pelo menos provoca-me mais curiosidade do que muitos que já vi!


Saudações infernais!

Teresa Durães disse...

hum... vou lendo...parece que um deles está prestes a ser enrolado ehehehheh

olha, mais gravuras em http://purl.pt

o site da biblioteca nacional digital de portugal

boa tarde

Maríita disse...

Está a ficar interessante.

Anónimo disse...

Gostei, muy bien

Aragana disse...

LINDO... os verdadeiros portugas nos trópicos a encornar as portugas!

:)

sem-comentarios disse...

Agora, fiquei cheia de curiosidade para o próximo episódio.
Mas, sabes que eu tenho essa idéia de grupos de amigos (homens) irem para o Brasil só com o intuito de engatar.
Aliás, até conheço alguns.

Adorei este episódio :))

Gi disse...

Minino não passa sem minina mesmo!
E ainda há quem lhes chame o sexo fraco tss tss :)
A história não costuma ser às 5ª fªas? Tive sorte em apanhar bilhetes para as filas da frente :)
Isto é só jet Set(inho) caramba! Venha o próximo :)

beijinho capitão

Unknown disse...

Tens que continuar esta história, eu tou completamente de rastos para saber mais, embora eu ache que a Patrícia se vai esquivar e vão ser uma férias sem mulheres na cama. Só mesmo para alegrar a vista.

Sofia disse...

Mas que visão mais machista !! Mesmo assim estou adorando e não vejo a hora de ler o próximo capítulo.
Abraços,

Tati disse...

meu deus, este aragana pelo visto é da trupe dos cinco gajos, não??? "Encornar".....
Mas as "minhas" meninas não farão feio...
Já está lá, o terceiro episódio...
beijo

meluna disse...

O pedro miguel ramos e a Cinha jardim???
lol

também gostei do que li por aqui ;))

LoiS disse...

Mas para facturar não basta apenas engatar?

Tem mesmo que ser carnal?

Então mas fácil é pagando não ?

Abraços