segunda-feira, 19 de novembro de 2007
Corpo Diplomático
Considero que faz parte do senso comum, encarar as representações diplomáticas como instituições que reforçam os laços políticos e económicos entre as nações. Num campo mais pragmático, Embaixadas e Consulados deverão zelar pelos interesses dos cidadãos nacionais residentes no exterior, em questões de maior ou menor grau de complexidade. Porém, nos últimos tempos, interrogo-me sobre a eficiência das representações diplomáticas portuguesas. Acredito, cada vez mais, que o nosso corpo diplomático, à semelhança de tantas outras áreas de actividade portuguesas, sofre de uma síndrome de ociosidade e ineficácia no atendimento. Tudo isto vem a propósito, de um simples e-mail que resolvi enviar para a Embaixada de Portugal em Brasília, pedido algumas informações de cariz económico, para uso profissional. Solicitei o envio de uma listagem de empresas portuguesas que possuem actividades ou interesses estratégicos no Nordeste brasileiro. Creio que não será informação confidencial nem com elevado grau de dificuldade de obtenção. Muito menos, sinto que tenha sido um pedido patético ou absurdo que não mereça uma simples resposta, após um mês de espera. Contudo, o que me deixa mais indignado é que se trata da segunda vez que isto me acontece no prazo de um ano. De Brasília, apenas um silêncio absoluto.
Esta situação, leva-me a acreditar que os funcionários diplomáticos preferem viver num isolamento dentro dos muros da Embaixada, envoltos em mordomias, demasiadamente ocupados com os seus jogos de interesses e vaidades pessoais. Não coloco em causa os serviços prestados pelo nosso Embaixador, pelo qual tenho o maior apreço e que se tem mostrado particularmente activo desde a sua chegada. No entanto, parece que a sua equipa é de qualidade duvidosa. Seria bom relembrar a estes senhores, que eles são pagos com verbas públicas e desejo nunca me vêr envolvido em nenhum caso de emergência, que me faça ficar dependente dos serviços da Embaixada.
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12 comentários:
Meu Caro Capitão-Mor,
creio, muito a sério, que a dimensão do pessoal das representações torna mais ineficaz o serviço de apoio aos nacionais, numa base inversa à dos seus efectivos. Não é paradoxo, simplesmente, quando há muitos colegas, "aquela" resposta passa a ser sempre do departamento do outro. E no Brasil a (de)legação é grande...
Abraço
Pois, porque será que o que aqui escreves não me surpreende? Um embaixador, seja ele qual for, tem de ter uma boa equipa por trás, mas ao que parece não é o que se passa. E, infelizmente, não é só aí. E depois queixam-se quando todo o mundo goza com funcionário público. Só pode não é? Têm montes de regalias e não fazem nada, ou fazem muito pouco.
Bjs
Parece-me o espelho de muitos serviços públicos, por cá são resmas de exemplos similares.
Boa semana
Então faz-te passar por português a residir no UK e manda e-mail ao consulado. Pode ser que daqui a dois anos te respondam. Beijo
Sou solidária, Capitão. Para serve o corpo diplomático, então? Mas continua insistindo e boa sorte!
Beijos
Isto lembra-me que fiquei de te dar o telefone de um Conselheiro Social de lá... prometo que assim que falar com o Diogo te mando por email. Se quiseres tentar para o geral, o nome dele é Dr. Joaquim Rosário e é muito prestável.
Para a listagem, tenta o ICEP (!), pois nós respondemos há uns tempos a um questionário para essa mesma listagem, vindo de Brasília.
Beijos.
Talvez, em vez de contactares a Embaixada devesses contactar o ICEP e a Câmara de Comércio.
Bjs
"Esta situação, leva-me a acreditar que os funcionários diplomáticos preferem viver num isolamento dentro dos muros da Embaixada, envoltos em mordomias, demasiadamente ocupados com os seus jogos de interesses e vaidades pessoais."
Descobriste a polvora?? :P
juro que quero ler mas a cabeça...
deixo beijos
Infelizmente não existe a noçao de dever civico de quem tem a fortuna em trabalhar em estruturas oficiais.
O que relatas nao é novo.
Já tive esses problemas apesar de residir em Portugal.
No meu campo a inercia vinha do responsavel maximo. Curiosamente era o Delegado do ICEP em Londres.
Seu nome - Preto da Silva.
Um individuo intragavel mas daqui a pouco tempo ira ter uma reforma dourada com o dinehiro de todos nós.
Enfim, eu sei que há exemplos e exemplos, mas há já demasiados exemplos negativos!
Ok, já estou farta!
Trabalho numa embaixada, somos responsáveis por Portugal e Marrocos, recebo centenas de e-mails por semana. Centenas não são dezenas. Somos 2 diplomatas e uma secretária. Com a Presidência, 3 diplomatas e duas secretárias, 1 em parte time. Trabalho que me desunho, não respondo a todos os E-mails, não sou obrigada. Existem E-mails que vão directos para o recicle bin e a tecla Delete é um espectáculo. Recebo mails de todos os tipo, como é que está o tempo lá? Como é que posso ter um visto? Sou um jovem marroquino e gostaria de visitar o belos país que representa, como posso obter um visto? Tenho uma empresa de calçado no cu de judas, preciso de contactos mas não tenho E-mail, podia enviar-me essa informação por fax? E n E-mails mais, alguns que me partem o coração.
Lamento que esteja toda a gente convencida que aqui só coçamos a micose e não fazemos nada. Tenho muitos dias em que vou almoçar às 15h00, tenho dias em que não vejo o tampo da minha secretária. Por isso, não assumam que quem trabalha em Embaixadas não faz a ponta de um corno, há quem faça e muito. Não é fácil representar um país, engolem-se sapos vivos todos os dias, várias vezes ao dia. Não se ganha bem, ao contrário do que é genericamente dito e vou-me calar porque estou seriamente irritada!
Querem respostas de embaixadas? mandem as coisas por carta regista com aviso de recepção. Só assim temos a obrigação legal de responder e ainda assim, se em reunião com o embaixador ele achar o pedido impertinente (sim, impertinente) pode decidir que não se responde.
Anónima por motivos óbvios, conhecida ainda assim de quase todos e de ti, capitão mais que ninguém
Beijos
mais fantástico do que o teu post, capitao, (que constata uma realidade que eu já tive que enfrentar por diversas vezes) é o comentário aqui da anónima que das duas uma: ou é uma fantástica crónica carregada de uma finíssima ironia ou é o desabafo real de uma funcionária pública portuguesa que dispensa quaisquer outros comentários...
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