Colares - Sintra (1975)
Certamente que neste dia todos se lembrarão dos seus pais, uns de uma forma presente, outros de uma forma ausente e só fisicamente porque qualquer Ser nunca esquecerá o seu Pai.
Todos demos ou ainda damos importância óbvia ao “elemento pai”, pois crescemos com o seu amparo, com o seu carinho e com a sua dedicação.
A imagem nunca deixará de estar presente, no entanto com o tempo o pai vai ficando de fora do mundo dos seus filhos, talvez por falta de tempo destes ou porque a distancia é a justificação procurada para colmatar o vazio que se vai preenchendo. Por último existem razões profissionais que estão sempre justificadas e o pai passa para o segundo plano, porque a vida em constante mutação nos imprime um ritmo sem limites e de opções, queremos a nossa própria capacidade viver sem dependências.
Nunca gerimos o nosso tempo da forma que queremos mas da forma que precisamos no momento em que nos propomos a decidir, assim, como consequência abdicamos dos mais próximos porque sabemos que somos facilmente compreendidos. É um acto de amor, não o nosso mas o do que nos compreende sem julgar, do que sem perguntar descobre a resposta que justifica a ausência. É esse o “elemento pai”, que ama sem exigir retorno, sofre sem querer o sofrimento e que essencialmente perdoa sem que exista qualquer murmúrio de arrependimento.
O pai é saudade porque já fomos felizes junto dele, é amor porque de uma forma individual ou personalizada o associamos a alegria, a infância, ao espírito, e o nomeamos como primeiro responsável do que de bom somos. Certamente foi o nosso primeiro ídolo.
Por mim, a sua existência preenchia a minha noção de satisfação com a vida, pois é a componente que entre outras, ajuda a gerar a alegria e o entusiasmo com que vivia cada dia. Após a tua morte, muita coisa mudou e houve algo em mim que definhou.
Ele era o meu espelho do futuro no presente. A minha energia renovada, o meu primeiro oásis social e o meu refugio final em caso de emergência.
O Dia do Pai é comemorado neste dia, mas na realidade é sentido com uma intensidade sobrenatural em todos os dias do ano.
Pai,
Nunca seria capaz de descrever os proveitos, as alegrias, as emoções, a educação e o sentido de lealdade que me deste. Demoraria uma eternidade a menciona-los um a um. Só lamento não ter tido tempo suficiente de ter dito estas coisas enquanto viveste...
quarta-feira, 19 de março de 2008
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11 comentários:
ihhh
Fez-me chorar, Capitão...Nem vou continuar a ler. Hoje não. Fica para amanhã. Digo-lhe apenas que ninguem diz aos pais o qu deveria ter dito. Ser filho é isso...Mas ser um bom filho é lamentar o facto, é guardar as palavras do Pai no coração.
Bonita homenagem!
ps- Hoje faz uns quantos anos que falei a ultima vez com o meu.
O amor nunca acaba. Apesar da dor e da saudade.
Um grande abraço meu querido amigo.
Fiquei sem palavras... e de lágrima no olho :)
Costumo dizer que no fim de tudo pelo menos ficam as memórias e essas ninguém tas tira...
Capitão,linkei o seu texto e segui a sua ideia. coloquei foto com as suas palavras!
beijinho
Tanta Dor e tanta Saudade. Mas a Vida é assim mesmo.
O que escreveu é para mim um certo bálsamo.
Obrigado.
Abraço.
Mário
E...agora...é na dôr dessa presença ausente que corro em busca do seu colo in...atingível...
Capitão, essa semana escrevi sobre o meu pai e chorei muito enquanto me dirigia a ele. Dia 17 fez 21 anos que ele se foi, com apenas 50 anos. O amor é o mesmo e a gente o sente aqui dentro. Continue a falar para o seu pai, ele vai te escutar. Eu falo silenciosamente com o meu.Diga o que sente e aceite que ele já não está fisicamente com você, mas "está" com você.
Lindo seu texto!
Abraço.
Eu também chorei!!!
Trata-se de uma magnífica peça literária e psicológica que espelha elegantemente os sentimentos que todos os filhos sentem quando confrontados com o remorso de não terem tido "tempo" de dizerem ao pai, enquanto vivo, o que de bom pensavam dele.
Meu pai morreu novo, com apenas 52 anos mas, enquanto viveu, eu não fui capaz de lhe dizer o quanto o admirava e amava.
o que se diz e o que nao se diz.
por mais horas que tenha o dia, por mais dias que tenha a semana, por mais meses que tenha o ano, NUNCA seremos capazes de afirmar o nosso amor pela nossa familia.
Porque o sentir é inato e nem sempre se exterioza aquilo que sentimos. Nao preciso dizer que "gosto de te Pai", preciso é caminahr nesse sentido. No meu dia a dia. Compreender para ser compreendido.
O tempo ceifa-nos a vida...é um facto.Mas nao precisamos de ser escravos do tempo...
o sentimento nao tem hora nem duraçao.
o que interessa é que fizeste tudo no momento em que o teu Pai mais precisou de ti.E aí mais do que as palavras foram os gestos que ficaram na sua memoria.
Por isso amigo, sabemos que o tempo nao te castrou a espernaça e a vontade que demonstraste.
Tenho uma amiga que tem o pai muito doente mas passou um dia o mais feliz possivel com ele.Quiça "o ultimo dia do pai da vida dela" mas foi um dia feliz.
Eu também me lamento quando me falta a lucidez ou o tempo, mas quero que os meus gestos sejam eternos...no sentido que o meu amor pela minah familia também o é!
Pedro,
Aqui fica um Grande Abraço para ti!
cps
Confesso que estou absolutamente arrepiada. Sentida e justa homenagem. Um texto lindíssimo e sentido. Conseguiste mesmo o que nem todos conseguem: deixar-me com pele de galinha!
Parabéns pelas linhas e pelo facto do teu texto fazer mexer os nossos sentidos!
Beijinhos e saudações iscspianas
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