quarta-feira, 4 de abril de 2007
Férias em Natal - Episódio 5
Natal, Sexta Feira - 06 Dezembro de 2008, 14:40h
Luís acorda em cima de um dos sofás da sala. Abre os olhos com dificuldade. Sente uma ligeira dor de cabeça, as articulações presas e um gosto amargo na boca. Senta-se com alguma dificuldade e franze os olhos, devido à claridade que entrava pelas janelas da sala. Olha ao seu redor e sente um aperto no coração. Os amigos estavam todos deitados pelo chão da sala, absolutamente imóveis. Estariam mortos? Surgem na sua memória alguns flashes da noite anterior e rapidamente se apercebe do que tinha acontecido. Haviam sido drogados pelo grupo de raparigas que tinham levado para o apartamento. Reinava uma enorme desarrumação na casa. Copos vazios, latas de cerveja, roupas espalhadas e gavetas reviradas. De súbito, sente um enorme pavor apossar-se da sua mente. Seria ele, o único sobrevivente de uma noitada irresponsável? Ganha coragem, levanta-se rapidamente e aproxima-se do Fonseca que estava mais perto. Segura-lhe o pulso e sente um grande alívio ao constatar que o seu amigo apenas dormia um sono profundo.
- Fonseca, Fonseca! Acorda pá! Estás a ouvir? Acorda por favor! - berrava o Luís.
- Hã? O quê? - Fonseca desperta lentamente.
- Levanta-te rápido! Aquelas cabras drogaram-nos e parece que roubaram algumas coisas.
- O que estás para aí a dizer? - o amigo já se sentara no chão e passava as mãos no rosto.
- Hello??? As gajas de ontem pá! Porra, caímos que nem uns patinhos! Eu vi logo que o esquema ia acabar mal - a revolta de Luís era evidente.
Perto da mesa da sala, o Reis acordara e olhava ao seu redor com um ar meio perdido.
- O que se passou aqui? - pergunta balbuciante.
- Fomos roubados, seu otário! Estás a ver o resultado da bebedeira de ontem? Eu e o Ferreira desconfiámos logo das gajas. Vocês são os culpados desta merda! - gritava o Luís.
- Nós!? - pergunta o Fonseca ainda confuso.
- Sim, vocês. Nunca viram mulheres na vida? Parecia que estavam com o cio! Temos sorte delas não nos terem cortado as goelas...
- Putas de merda! - exaltou-se o Ferreira que se erguera entretanto. Avança atordoado em direcção ao corredor. Pára em frente duma porta, roda a maçaneta e parece aliviado ao constatar que o quarto se mantinha inviolável. Entra no aposento do lado e depara-se com um cenário desolador. Tudo revirado do avesso. Já estavam todos acordados e lentamente foram-se apercebendo das coisas que faltavam. Todos os telemóveis, cartões bancários, dinheiro, relógios e alguma roupa de marca tinham desaparecido dos quartos. A câmera do Luís e as máquinas fotográficas também tinham sido furtadas.
- Que bronca! Levaram a câmera que os meus sogros me ofereceram - lamenta o Luís.
- E o meu dinheiro? Os meus cartões? Para não falar do telemóvel que comprei pouco antes de vir - diz o Fonseca com os olhos marejados de lágrimas.
- Ei pessoal! E os nossos passaportes e passagens aéreas? - interrompe o Ferreira aos gritos.
- Estamos tramados! - exclama o Luís.
- Fiquem tranquilos... - diz o Reis, acenando com um pequeno saco de plástico na mão. Como a malta é meio desorganizada, reuni os passaportes e os bilhetes de avião neste saco para não se perderem. Depois, arrumei na estante da sala. Por sorte, não mexeram lá...
- Ufa, estamos safos! - soltou o Lemos.
- Podes crer...sem passaportes, não sei como iríamos fazer para sair daqui no domigo - acrescenta o Ferreira.
- Se calhar, nem sabiam o valor que um passaporte pode ter no mercado negro. Queriam outro tipo de coisas... - explica o Luís.
- Dentro do azar, acabámos por ter sorte. Os passaportes escaparam das mãos delas e estamos vivos. Poderia ter sido bem pior! - diz o Reis meio conformado.
- E agora? Prestamos queixa à polícia? - pergunta o Fonseca.
- È melhor não. Não quero polícia aqui dentro do apartamento. E o que temos para explicar? Que ficámos bêbados e trouxemos umas gajas desconhecidas para aqui? Nem sequer sabemos os nomes delas - atira o Ferreira.
- A que estava comigo chamava-se Silvana. A loira era Mônica, creio eu... - refere o Lemos hesitante.
- Deixa de ser idiota! Ias dizer isso à polícia? Provavelmente os nomes são falsos e ainda podiam alegar que teríamos abusado de menores de idade. Esqueçam a polícia,ok? - o Ferreira evidenciava um grande nervosismo.
- Pois...mas ainda temos tês dias pela frente e nem um centavo no bolso. Como vamos fazer? - interroga o Fonseca.
- Eu tenho conta bancária no Brasil, mas hoje é sexta-feira e a esta hora já não tenho tempo de passar na minha agência. - continua o Ferreira pesaroso - Mas conheço uma pessoa que nos poderá ajudar. Vai ser complicado ter de lhe explicar o caso, mas enfim...
- Outra coisa...porque é que foste logo verificar se aquela porta tinha sido arrombada? - Fonseca aponta na direcção do quarto que se mantivera trancado durante aqueles dias.
Trata-se de material médico muito caro. O prejuízo seria bem maior e fiquei preocupado com isso - desta vez o Ferreira respondera de forma convincente.
- Ok, já entendi - Fonseca parecia convencido.
O Ferreira tomou um banho, vestiu uma roupa lavada e desceu até à recepção do prédio para telefonar ao Cônsul Frederico Robles.
- Estou? È o Dr. Frederico Robles?
- Sim...é o próprio. Quem fala?
- Agente 0069. A noite passada aconteceu um imprevisto e necessito do seu auxílio.
- Qual é o problema, meu caro?
- Sabe como é...ontem levei os meus amigos para conhecer o Carnatal. Bebemos além da conta e trouxemos umas moças para o apartamento. Deram-nos umas bebidas adulteradas e acabámos por perder a consciência. Quando acordámos, vimos que nos tinham roubado várias coisas.
- Mas...mas como é que um agente ao serviço da nação, pode ser tão irresponsável? Na última conversa, já lhe tinha dito que tinha sido uma imprudênca trazer esse grupo de arruaceiros para aquela casa. E agora, você tem coragem de me contar uma coisa dessas? E o equipamento? Os vossos passaportes? Foi tudo roubado? - o Cônsul não difarçava o seu ultraje.
- Nada disso. A sala de trabalho manteve-se inviolável e os passaportes estão em nossa posse.
- Menos mau...e o que pretende de mim?
- Estamos em dinheiro. Precisamos de uma pequena quantia para nos aguentarmos até domingo. Quando chegar a Portugal, poderemos acertar as contas consigo.
- Eu não acredito no seu descaramento! Vou providenciar uma quantia e mandarei entregar aí mesmo. Mas quero que saiba que tudo sito irá ser reportado à sede do Serviço em Lisboa. Tem consciência de quais serão as consequências?
- Dr. Robles, mas...estou? Estou?
O Cônsul já tinha desligado. O Ferreira para além dos seus negócios além-mar, tinha-se revelado durante os últimos anos, um excepcional agente secreto ao serviço da República Portuguesa nos trópicos. Contudo, ele calculava que aquela infantilidade iria arruinar a sua carreira nos serviços de inteligência nacionais. Aquele apartamento era a sua célula secreta, o misterioso quarto trancado albergava sofisticados equipamentos de espionagem e diversos ficheiros secretos. Como pudera ser tão imprudente?
Ao entrar novamente no apartamento, os amigos estranham, o seu ar cabisbaixo.
- O que te aconteceu? Estás branco como a cal! - inquiriu o Luís.
- Não foi nada. O dinheiro já vem a caminho. O meu amigo já enviou um estafeta para cá - diz o Ferreira, tentando desviar o assunto.
- Falaste com os porteiros sobre as gajas? Eles não estranharam nada? - pergunta o Lemos.
- Os seguranças acreditaram que nos teríamos contratado prostitutas, para fazer uma orgia. Disseram-me que saíram às duas e meia da manhã. Por isso, não nos roubaram o carro. Iria levantar suspeitas e seriam barradas no portão da garagem.
- Nem me lembrei do carro...sabem o que vos digo? Depois do dinheiro chegar, vou passear um pouco para espairecer e aproveito para ligar à Patrícia. Só mesmo aquela beldade para me fazer esquecer tudo isto - disse o Luís.
- Cuidado com as caipirinhas! - gracejou o Reis.
- Vê lá se te cai um dentinho com a piada! E vocês vão fazer o quê?
- O Ferreira disse-nos que vai fazer um petisco. Hoje, devemos ficar por casa - continuou o Reis.
- Parece-me bem. Pelo menos, não irão meter-se em mais encrencas - rematou o Luís.
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25 comentários:
Hum, que material ultra-secreto estará na sala? Que tipo de espião é o Ferreira? Como é que o Luís depois de tamanho susto ainda tem capacidade de ir sair com a bela Patrícia? E sobretudo, como é que vou aguentar até ao próximo episódio? Tudo questões verdadeiramente pertinentes!
Aguardam-se novos desenvolvimentos...vou seguindo atentamente!
As aventuras dos 4 da vida airada, LOL
Vou aguardar!
Que tenhas uma semana de Páscoa igual à de toda a humanidade: feliz.
Já passámos da noela ao filme de espionagem... está a evoluir
Bom dia... txiii, que reviravolta! Já desconfiava que o Ferreira escondia alguma coisa... a conversinha com o Cônsul era suspeita, mas "espião"... ultrapassa as minhas expectativas!!!
Boa semana e boa Páscoa!
Sexo, traição, espionagem, crime ...
Acalmaram depressa demais depois de um roubo desses!
Mas:
Que mistérios e informações vitais terá Carnatal para a república portuguesa?
Será um território perigoso para a soberania nacional?
Verificará Ferreira, com a ajuda dos seus amigos, que o submundo do tráfico humano para a Europa tem sede no "Amo.te Natal"?
Será a Cinha Jardim uma das líderes internacionais do tráfego de silicone?
Andará Pedro Miguel Ramos a desbravar caminho para o controle através de videovigilância, com a parceria dos seus amigos técnicos responsáveis pelo "Big Brother" português, do cônsule no Brasil?
...
Esta mensagem destruir-se-à em 10 segundos, algo que corra mal, informo, que alegarei que não Vos conheço e que não tinha informação alguma dos Vossos actos ...
bip! bip! bip!
Obrigado pelos votos e pela visita.
Volte sempre ao olhoatento.
E a propósito gostei do texto. Terá sequência?
Canhanga
Isto está a aquecer mesmo, continua amigo...
Beijo e Boa Páscoa
Quais são os planos para o feriado? Boa Páscoa!
Bem, eu tou em pulgas para continuar a ler esta novela, kero saber o k estará dentro daquela sala. Boa Páscoa, beijinhos
Fico à espera do próximo capítulo! :)
agente 0069?! hahahahahahhahahaha..
mt boa! está excelente o enredo, keep on going ;)
beijos e uma feliz e doce PÀSCOA!
Olá! Isto é que dá brincar em serviço, ir com muita sede ao pote sem conhecer a água... Bem feito! Mas o que acontecerá? Beijos! Feliz Páscoa!
Blogserie está cada vez masi misteriosa
É oq ue eu digo. Homens sozinhos sã piores que criança em véspera de natal. Irrequietos e só fazem disparates.
Por favor abre aquela porta depressa para eu saber o que está lá guardado e quero ver quando todos se aperceberem que o estafeta não chega com o dinheiro...
beijinhos e Boa Páscoa
Votos de uma boa Páscoa perto de quem mais almejares com muita saúde e alegria .
A saga do Chico continua ...
E a saga " Férias Em Natal " continua em grande ...
Bem!! estou mesmo espantada com a tua capacidade para contar histórias!!! Sim senhor!!
Só fiquei com uma duvida... valeu apena a noitada, ou só ficaram pelos copos????
;)
Que novela! :)
Abraço.
Feliz Páscoa! Muita renovação de esperanças, objetivos, amores.
Beijao!
È óbvio que as actividades secretas do Ferreira não serão muito desenvolvidas nos restantes dois episódios. A bem do interesse nacional! :)
E se eu fosse desenvolver todos os pequenos tópicos, esta blogsérie arricar-se-ia a tornar numa espécie de Dallas interminável! LOL!!!
contraponto postado!!! com atraso de páscoa! beijos
nossa, que episódio surpreendente. Achei que o Ferreira tinha negócios escusos aqui, mas pelo visto temos sim é uma relação Guerra Fria com Portugal, não?..... a ponto de termos espiões em solo tpiniquim......
Por falar nisso..... O que Capitão-Mor faz mesmo em Natal? ham ham.....
poderia ser uma blogsérie autobiográfica?????
rsrsrs
Muito bom Capitão :)
Beijo
é bem feito... n podem ver um rabo d saia... lixaram-se ; )
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