quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Blogsérie: O Clã - Episódio 2


Ultrapassadas as barreiras de segurança, o amigo do Fonseca distribui entre todos, os passes de livre acesso aos camarins. Logo de seguida, faz sinal para que o sigam até ao local onde a banda se encontra. Fonseca ainda olha mais uma vez para trás, mas o grupo que parecia persegui-los, desaparecera do seu campo de visão. Talvez fosse paranóia sua, pensou ele.
Momentos depois, chegam junto a uma área reservada. Perto de uma porta, um pequeno aglomerado de jornalistas e pessoal da produção. Lá dentro, estão os cinco integrantes dos Cure em carne e osso. O ambiente era iluminado por velas e eles estavam sentados numa mesa, onde lhes era servida uma ceia. O fundo musical, era uma suave música indiana. Tudo muito zen. O Ferreira está visívelmente emocionado. Apresentaram-lhes os músicos que se mostraram bastante afáveis. Cumpriu-se o ritual dos autógrafos e fotografias da praxe. Durante o breve diálogo, é-lhes comunicado que mais tarde, haveria uma festa na discoteca Lux. Momentos depois, já fora do recinto, os cinco amigos discutem sobre o rumo a seguir depois de saírem dali.
- Como é pessoal? Vamos para onde? - questiona Augusto Luís.
- Não querem ir ao Lux? - avança o Ferreira ansioso.
- Tu queres ir para o Lux? Estás doente? - ironiza o Lemos.
- Pá, vocês ouviram que a festa vai ser lá...provavelmente com bar aberto para os convidados!
- Chiça! Agora querem-me obrigar a andar atrás desses cromos, o resto da noite? - atira Augusto Luís, irritado.
- A mim não me parece má ideia. Copos à borla! - exclama o Fonseca.
- Augusto, deixa de ser embirrante! Ah, acredito que a João também deve estar por lá - continua o Ferreira.
- Eu queria dar um pulinho à Duque de Loulé - Augusto Luís não desarma.
- Boa ideia! - grita o Lemos - Ou então vamos naquele clube de swing. Ouvi dizer que a minha prima é frequentadora assídua...
- Farto disso estou eu! Ó Lemos, tu só podes ser parvo! Como é que queres enfiar cinco marmanjos numa boite swing? Poupa-me!
- Hum...então bora lá para esse tal de Lux... - responde o Lemos.
- Então, está decidido. Encontramo-nos lá, daqui a vinte minutos? - propõe o Reis apressado.
Acabaram por chegar a um acordo. Augusto Luís faz uma careta, mas segue os amigos, que se vão dirigindo para os locais onde tinham estacionado os seus carros.

Lisboa - Discoteca Lux - 02.20h
Um armazém reconvertido em sala de espera de aeroporto. A decoração aparentava ter sido feita base à base de amostras de fabricantes de cadeiras; não se viam duas iguais. No entanto, a selecção musical era excelente. Num recanto mais discreto, estava a comitiva dos Cure. No meio daquela multidão, o Ferreira tinha conseguido localizar a João acompanhada por um amigo excêntrico que atendia pelo nome de Matias. O grupo conversava alegremente. A eles, tinha-se juntado o Jason, baterista dos Cure, que parecia ter engraçado com o Lemos que tentava dialogar com ele no seu inglês macarrónico.
Ás tantas, todos os olhares pareciam seguir um fulano alto e careca. Atrás dele, uma numerosa corte, maioritariamente composta de gente com ar intelectualóide e óculos de massa.
- Quem é aquele? - interroga o inglês.
- Bem se vê que és estrangeiro. Manuel Reis! - responde o Lemos aos berros, como se isso melhorasse o entendimento.
- E o que é um "Manuel Reis"?
- É o Papa da noite de Lisboa! O Frágil, lembras-te? Era dele. Agora, é dono disto. É sócio daquele actor meio careca...o...Milosevich! Acho que é esse o nome...sei lá!
Jason olha para o Lemos com um ar aparvalhado e encolhe os ombros. Manuel Reis avança na direcção da área VIP. Provavelmente iria cumprimentar a banda. Augusto Luís aproveitou a distracção do povo para chegar ao balcão. Pouco depois já bebericava o seu bloody mary; só que este não dava sinais de contar uma gota de álcool. Mal humorado, dirigiu-se ao barman.
- Vou-te dar uma novidade: é costume isto levar vodka! pelo menos, é assim que costumo beber lá no Blue Velvet do meu amigo Ferreira...
- Eu sei; e esse até tem bastante.
- Mas aqui a vodka é servida com conta gotas?
- Não. È mesmo essa a dose certa.

Augusto Luís imaginou o troféu do funcionário da semana. Seria entregue, ao empregado que conseguisse servir 180 doses com uma só garrafa! Pertinho dele, com ar de pânico, a João puxava-lhe uma das mangas.
- Vê se controlas o mau génio. È que eu gostava de cá poder voltar...
Já era demais. Augusto Luís estavas prestes a explodir.
- João, numa coisa posso ficar descansado. Se este é o teu local preferido, já não tenho de me preocupar com a hipótese de dares em alcoólica. E se os teus amigos são todos como esse Matias de cachecol rosa choque, também sei que não é tão cedo que ficas grávida...
Entretanto, a zanga é interrompida pelo Fonseca que surge esbaforido, perto deles.
- Porra! Olhem ali para a pista! Eu não acredito no que estou a ver...
No meio da pista, via-se o Ferreira espartilhado nas suas roupas pretas. dançava na companhia de uma bela morena que ostentava uns longos cabelos negros. Ele parecia hipnotizado pelo olhar daquela mulher de aspecto misterioso.
- Não estou a ver nada de mais...já sabes que o Ferreira não pode ver um rabo de saias! - diz Augusto Luís com displicência.
- Não estás a entender! Aquela mulher e os amigos dela estão-nos a perseguir desde a hora do concerto. Eu vi-os aqui há uns cinco minutos e tratei de avisar o pessoal. Agora vejo que é tarde demais!
- Mas tu estás bêbado? Não dizes coisa com coisa!
- Acreditem no que estou a dizer! Há alguma coisa muito estranha com aqueles gajos - explica o Fonseca, em desespero.
Dito isto, Augusto Luís concede o benefício da dúvida e fixa o olhar no dueto que se rebolava ao som das batidas electrónicas. Instantes depois, ele vê a morena envolver o seu amigo num abraço sedutor. Beija-o numa atitude de luxúria. De seguida, ele observa que ela aproxima a boca do pescoço do Ferreira. Subitamente, Augusto Luís arregala os olhos ao vêr o tamanho dos dentes da mulher. Solta um grito e avança rapidamente para a pista, empurrando o pessoal todo.

Continua...

11 comentários:

LoiS disse...

ALuís tb quer um pouco daquele beijo infernal. Só pode!

Desconfio que vai tudo acabar numa casa mortuária em recambolescas experiências carnais, filmadas por anões e com gente da maçonaria como voyeurs ;))))))))))

Tu dá-lhe !!!!!

Grande abraço amigo!

AnadoCastelo disse...

Uau, vampiros à mistura?
Mais "suspense" até à proxima.
Bjs

Maríita disse...

Ora bem, estou farta de me rir! Alguém tinha que o fazer...

Queria informar-te que a João continua a ir alegremente ao Lux, onde tem inúmeros amigos e claro, o sempre fantástico Alfredo Vaz...

Depois, a João vai este fim-de-semana tomar um cafézinho com o Matias, claramente espera que o Matias não esteja num cachecol rosa e um cafézinho será sempre bem vindo.

Estou felissíssima com esta blogsérie!!!!

Beijinhos

Titá disse...

Excelente momento que aqui proporcionaste. Ri.

Um beijo

O Réprobo disse...

Moral da história (nesta parte): cada um tem a Bloody Mary que merece...
Abraço, Meu Caro Capitão-Mor

Evelyne Furtado. disse...

Vampiros???? O que acontecerá ao Ferreira? Será que se transformará em um doce vampiro? Terei que conter a ansiedade, ahhhhh
Adorei, Capitao!
Bjs

TONY, Duque do Mucifal disse...

vampirescas na noite...

Tati disse...

ah, adorei a explosão do Augusto com a João... Me fez rir num dia chuvoso e frio!!!

Kalinka disse...

Olá Capitão
Todos os dias do ano (não só no Natal...)deviamos pensar nas nossas «deficiências»:

"Mudo" é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
"Paralítico" é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
"Diabético" é quem não consegue ser doce.
"Anão" é quem não sabe deixar o amor crescer.

Beijos cheios de calor num dia gélido.

SM disse...

Ai !!! O suspense mata !!!

O que sera que vai acontecer ao bom do Ferreira ...

Excelente como sempre !!!

Beijocas

Cris_do_Brasil disse...

Nao acompanhei o espisódio 1...