sábado, 14 de junho de 2008

O Império dos Pardais


Depois de ter escrito a biografia do rei D. Manuel I, o historiador João Paulo Oliveira e Costa acaba de fazer um livro em tudo diferente. Chama-se O Império dos Pardais é uma edição Círculo de Leitores e faz do Rossio o palco privilegiado para as personagens se misturarem, se envolverem e se defrontarem. Este Rossio que ainda hoje continua a fervilhar de gente das mais desvairadas caras, raças, cores, credos e nomes.
Hoje, como no tempo do romance, os pardais continuam a aproveitar os bocadinhos de pão que sobejam da luta entre as gaivotas e os pombos. No romance as potências da Europa são a França, o Império Alemão e a Inglaterra. Como hoje, afinal.
Para além das descrições vivíssimas da zona portuária do Tejo, para além da importância decisiva da Irmandade de Moura, o grupo dos amigos do então duque de Beja, para além das peripécias dos serviços de espionagem e de contra-informação, a mim fascinou-me em particular a morte de um marinheiro, «mestre» Felício, em Beja. O rei D. Manuel I visita-o no leito de morte para garantir que está ali por gratidão e respeito para lhe agradecer as viagens de exploração pelo oceano que não foram registadas pelos cronistas nem tiveram direito a diário de bordo.

Na história continua a haver tempos nebulosos e personagens difíceis que nunca vão sair dos subterrâneos do esquecimento. São pessoas que deram tudo por uma causa mas não foi conveniente divulgar os seus nomes, os seus trabalhos e os seus dias.
Este livro deixa-me reconciliado com uma certa ideia de Portugal. E não falta um estrangeiro (um dinamarquês) para nos dizer lucidamente aquilo que nós não somos capazes de descobrir. Até nesse pormenor este é um livro profundamente português.
Um belo livro que termina como começou - no Rossio, entre pardais, pombos e gaivotas, uma metáfora feliz para falar dos países e das pessoas, suas ambições e seus limites, seus sonhos e suas derrotas.

5 comentários:

Rubi disse...

Não te sei explicar, mas esta descrição levou-me também ao ISCSP. Quem sabe por aquele vínculo colonial. Beijo

Belinha Fernandes disse...

Ouvi uma entrevista com o autor na radio...e fiquei cheia de vontade de ler.Ainda tenho o Papelustro, mas actualizo tão pouco que quase não existe!Por aqui chove, ó Capitão, já viste a minha sorte?!!Boa semana!

Belinha Fernandes disse...

O que resta do papelustro!

Maríita disse...

Ainda bem que gostaste. Acabo de chegar de férias e estou com a neura de segunda-feira...Vou ver se consigo ler esse livro, pode ser que me anime um bocadinho.

Beijinhos

musqueteira disse...

viva capotão... não tenho o livro! terei que ir brevemente ao chiado... lá na fnac, perto do rossio tudo chega a horas e há sempre tudo que se procura. boa semana!